Churrasco rolando, música alta, amigos reunidos e um isopor do tamanho de um caixão cheio de cerveja e gelo com capacidade de matar a sede do país inteiro até o fim do mundo em 2012. Esta é uma típica retratação de um churrasco brasileiro.
Em qualquer lugar do mundo onde tenha um grupo de pessoas reunidas, rindo, conversando e se divertindo, há 89,7% de chances de que haja uma cerveja no meio. (ok, esse numero eu acabei de inventar, mas o raciocínio é por aí)
Mas agora, por que estupidamente gelada? Vou ser bem simples e direto: porque a maioria de nossas cervejas são de PÉSSIMA qualidade! Pronto, falei. (por favor, não me batam)
Cerveja abaixo da temperatura de 2ºC amortece nossas papilas gustativas, as quais são as principais responsáveis por um dos nossos cinco sentidos, o paladar. Em outras palavras, você não sente boa parte do gosto das cervejas, mascarando assim todos os seus defeitos. Experimente tomar somente meio copo desta mesma cerveja a temperatura ambiente (nem ao menos terminar eu consegui), pois bem, este é seu verdadeiro sabor. Gostou?
Há também o fator clima. No Brasil criou-se o mito de que o ideal para consumo são as cervejas do tipo Pilsen, pois são cervejas mais leves e refrescantes para nosso clima tropical. Pois bem, o inventor desse tipo de cerveja não foi o baixinho da Kaiser (acredite se quiser), foram os cervejeiros tchecos. A República Tcheca tem o clima temperado continental, com verões e invernos bem marcados, ainda sim é o país que mais consome cervejas tipo Pilsen no mundo.
Felizmente, nossa realidade no Brasil está mudando. O monopólio das grandes
empresas aos poucos vai se desfazendo com o surgimento das microcervejarias. O termo apareceu recentemente para rotular as pequenas empresas que visam produzir cerveja com qualidade, tradição e diferencial. Muito comum em outros países, como o Estados Unidos, as microcervejarias somente apareceram por aqui na segunda metade da década de 80. Hoje já é notável seu crescimento, principalmente no Sul e Sudeste do país. A maioria delas começou a partir de uma estrutura familiar, com produção caseira (Homebrewing), outras de estabelecimentos como restaurantes e bares, a fim de criar um produto de acordo com o gosto local e reforçar a marca do estabelecimento.
Hoje, acredito estamos vivendo uma revolução no mundo da cerveja. As grandes empresas estão abrindo os olhos com a grande demanda e pouca oferta de produtos diferenciados, começam então a investir em marcas importadas e até mesmo em nossas microcervejarias. Com mais opções de produtos a disposição, o consumidor se abre a novas experiências no mundo cervejeiro, dando preferência às cervejas com mais qualidade, deixando de lado a loira estupidamente gelada de sempre. Para mim, uma única frase que define este raciocínio: beba menos e beba melhor.